Fatos

"Era um tempo bom, quando eu e meu irmão Betinho adorávamos cantar Bee Gees, naquele inglês todo inventado."

“Era um tempo bom, quando eu e meu irmão Betinho adorávamos cantar Bee Gees, naquele inglês todo inventado.”

Gozado… em todas as lembranças que tenho de quando era criança estava cantando. Cantava para amigos, em churrascos e até em concurso de calouros.

Isso era lá em Socorro, terra do “R” puxado e da falta de “S”, bem típico do “interiorr” de São Paulo, onde nasci.

Era um tempo bom, quando eu e meu irmão Betinho adorávamos cantar Bee Gees, naquele inglês todo inventado. Betinho tocava bateria e tinha um orgulho danado daquilo. Ele montou uma banda e me convidou para ser vocalista.

Acho que foi o emprego mais rápido da minha vida. Dá pra acreditar que ele queria ganhar mais só porque o instrumento dele era maior? Acabei sendo expulsa! Mas também, foi graças a essa briga que aceitei tocar num barzinho, só pra provar a ele que eu podia me apresentar com minha voz e um violão.

E ele, o que ía fazer só com a bateria? Foi aí que tudo começou, estávamos em 1989. Depois de quase um ano resolvi cantar no meu prórpio bar e abri o tão famoso, na minha cidade é lógico, Casarão. Que durou 6 meses. Pode não parecer, mas se tratando de Socorro, foi um sucesso! De lá pra cá foram muitos os caminho que me trouxeram para São Paulo. Cantei no “Contra -Bando”, banda formada pelo meu irmão e um dos meus melhores amigos, Mario Niero.

Fui crooner da banda de baile “American Tropical Band” por três anos, aliás minha grande escola. Aprendi muito com meu mestre Zezinho – Cantor – e com meu tio José Airton – Baterista. Foram eles que me ensinaram que cantar e folgar aos finais de semana andam separados desde sempre. E adivinhe, abri outro bar em Socorro! O “Allegro IV” Com dois grandes amigos Marcos Vinícius Cauduro Figueiredo (Marvin) e Marco Antonio Grigolleto (Marcolla) Desta vez com um sucesso estrondoso: Durou um ano!! e foi exatamente nesta época que conheci meu parceiro Marcelo Arty. Depois fui morar em Lindóya, outra cidade do interior paulista, onde fazia bonequinhos, com minha amiga Lee, e vendíamos em feiras de malhas.

Foi uma dessas feiras que me trouxe a São Paulo. Aqui, reencontrei Paulinha, que além de me hospedar, descolou meu primeiro trabalho musical na grande metrópole. Comecei a tocar num bar aos finais de semana, com essa grana, garantia meu aluguel.

Para comer, vendia camisetas no grêmio do Hospital das Clínicas, emprego descolado por uma outra grande amiga, Sônia. Longe da minha cidade e da família as dificuldades eram grandes. Muitas vezes tive que escolher entre comer ou voltar para casa.

Hoje pode parecer engraçado, mas numa dessas tempestades típicas de São Paulo, o ônibus que eu estava parou por causa do alagamento, e o motorista pediu que todos descessem para tomar outra condução. Sem um tostão no bolso e com fome, caí no maior choro. O cobrador, que me deu vale transporte para que eu pudesse chegar em casa, no Km 15 da Raposo Tavares. Depois disso, eu só pensava em voltar pra Socorro.

Mas as coisas começaram a mudar. Conheci a Fabiana, que foi minha produtora musical. E dois amigos do interior Sergio Franco (Ló) e Ana, me convidaram para morar com eles. Nesse tempo, enquanto a Fabiana agitava trabalhos, os dois me ajudavam no que podiam. O meu primeiro disco “Demo” não vingou, não deu em nada. Apesar de ter a participação de alguns músicos da “Banda Vexame “, tanto no disco como em um show na Usp. Foi quando escrevi uma comédia musical chamada “Oh! KIKUTÁ”.

Digamos que era assim que estava a minha vida! Não contente em escrever, resolvi atuar também.Depois desse mico, fiz um show chamado “Resgate”, uma releitura da obra de Rita Lee uma das minhas referências musicais. De volta aos bares, comecei a tocar no “Barnaldo Lucrécia”, que é frequentado basicamente por jornalistas. Foi lá que gravei minha primeira música, no CD do Barnaldo, e conheci Ronaldo Rayol, produtor do meu primeiro CD: “Pra Você Dançar”.

Todas as mudanças pelas quais passei me fizeram ter certeza de que não basta só cantar, tem que acreditar. Agora que você conhece um pouco da minha história, ouça o meu trabalho ……Valeu!

Susy Bastos.